Tenho uma lembrança da minha época de infância que até hoje nunca se desgastou.
Recordo bem que perto do horário do recreio começava a ficar completamente angustiada para pular da cadeira e sair correndo porta a fora.
Não, não se tratava de fome ou vontade de olhar o pessoal. Eu queria mesmo era ter todo o playground disponível ao meu deleite. Nunca dava tempo.
Não sei se era lerdeza minha que não me deixava chegar à tempo, mas todas as vezes que alcançava o parque, ele já estava devidamente lotado em todos os brinquedos.
Isso me deixava furiosa, mas encontrei uma boa solução para este problema.
Simplesmente passei a esperar.
Cautelosamente escondida em algum lugar do colégio, eu aguardava o sinal bater para finalmente ter o meu espaço de brincadeiras.
Claro que em todas as vezes, após alguns minutos aparecia uma supervisora para me tirar aos gritos do local e me colocar na sala de aula.
Porém, isso não mudou o meu padrão de comportamento que se estende até os dias de hoje. Obviamente que eu poderia me unir as outras criancinhas e revezar os momentos de diversão.
Pedir, tapear, negociar, implorar, furar fila e chantagear para também descer no escorregador ou pegar a brisa do balanço.
Nunca achei essas alternativas interessantes e provavelmente por isso aprendi a me adaptar e esperar
São áreas possíveis de serem avistadas em todos os segmentos do cotidiano. Dentro do trabalho em que se almeja criar alianças com os mais experientes na empresa e os mesmos optam por não pedir sua opinião ou em relacionamentos amorosos, quando se quer algo mais profundo e o outro deixa claro que não pretende mudar.
Para tais situações como diria meu pai: “É dar murro em ponta de faca”. Sou a favor da persistência juntamente com a perseverança, mas todos devem saber seus limites e concluir que plena aceitação não faz ninguém andar pra frente.
Trata-se de uma questão de impulso interno. Impulso este que faz a gangorra levantar, o balanço movimentar-se no ar, cria novas amizades, traz mais aprendizado profissional e estimula a busca por uma paixão melhor.
A verdade é que brincar sozinho tem grandes vantagens. Ao menos, durante a espera da construção do próprio playground.
E quando essa hora chegar, nada será mais gostoso do que selecionar aqueles que o acompanharão na jornada de infinitas travessuras e ai sim dividir o playgroud.
Um comentário:
''Sou a favor da persistência juntamente com a perseverança, mas todos devem saber seus limites e concluir que plena aceitação não faz ninguém andar pra frente.''
Wagner aqui, é um adepto de seu pensamento logístico e futurista.
O que quero, jamais abriei mão e para o que desejo, não me dou ao luxo de ver limites.
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