quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Eu espero... tu esperas.. ele espera...


Tenho uma lembrança da minha época de infância que até hoje nunca se desgastou.

Recordo bem que perto do horário do recreio começava a ficar completamente angustiada para pular da cadeira e sair correndo porta a fora.

Não, não se tratava de fome ou vontade de olhar o pessoal. Eu queria mesmo era ter todo o playground disponível ao meu deleite. Nunca dava tempo.

Não sei se era lerdeza minha que não me deixava chegar à tempo, mas todas as vezes que alcançava o parque, ele já estava devidamente lotado em todos os brinquedos.

Isso me deixava furiosa, mas encontrei uma boa solução para este problema.

Simplesmente passei a esperar.

Cautelosamente escondida em algum lugar do colégio, eu aguardava o sinal bater para finalmente ter o meu espaço de brincadeiras.

Claro que em todas as vezes, após alguns minutos aparecia uma supervisora para me tirar aos gritos do local e me colocar na sala de aula.

Porém, isso não mudou o meu padrão de comportamento que se estende até os dias de hoje. Obviamente que eu poderia me unir as outras criancinhas e revezar os momentos de diversão.

Pedir, tapear, negociar, implorar, furar fila e chantagear para também descer no escorregador ou pegar a brisa do balanço.

Nunca achei essas alternativas interessantes e provavelmente por isso aprendi a me adaptar e esperar

São áreas possíveis de serem avistadas em todos os segmentos do cotidiano. Dentro do trabalho em que se almeja criar alianças com os mais experientes na empresa e os mesmos optam por não pedir sua opinião ou em relacionamentos amorosos, quando se quer algo mais profundo e o outro deixa claro que não pretende mudar.

Para tais situações como diria meu pai: “É dar murro em ponta de faca”. Sou a favor da persistência juntamente com a perseverança, mas todos devem saber seus limites e concluir que plena aceitação não faz ninguém andar pra frente.

Trata-se de uma questão de impulso interno. Impulso este que faz a gangorra levantar, o balanço movimentar-se no ar, cria novas amizades, traz mais aprendizado profissional e estimula a busca por uma paixão melhor.

A verdade é que brincar sozinho tem grandes vantagens. Ao menos, durante a espera da construção do próprio playground.

E quando essa hora chegar, nada será mais gostoso do que selecionar aqueles que o acompanharão na jornada de infinitas travessuras e ai sim dividir o playgroud.